sexta-feira, março 25, 2011

Homilía Diária: Faça-se em mim segundo a tua palavra

 
Estamos celebrando hoje a Festa da Anunciação, dia em que veneramos o começo da vida de Jesus Cristo. Verbo encarnado, no seio de Maria. Começa, exatamente aqui, um novo período da história da
humanidade. Deus na infinita bondade quis despojar-se da sua divindade e rebaixou-se a ponto de vir construir a Sua tenda entre nós e conosco! Mas isso só foi possível, graças ao “Faça-se em mim segundo a tua palavra”, pronunciado pela Virgem Maria!
O Anjo havia dito a Maria: “Terás um filho. Ele chamar-se-á Jesus, o libertador”. Esta Festa é uma das mais antigas solenidades marianas da história da Igreja. Já era celebrada no Oriente, na metade do século V. E temos notícia de que no século VII se fazia a procissão da Quaresma , neste dia, para a Igreja de Santa Maria Maior. Esta Festa quer levar-nos, a todos, ao Cristo Redentor, pelo “sim” dito de modo semelhante por Maria. Ora, no diálogo do Anjo, ele não fala somente das grandezas pessoais de Jesus; é o Salvador, é o Messias esperado, é o Rei eterno da humanidade regenerada, cuja maternidade se propõe ali a Maria.
Toda a obra redentora está ali dependendo do “faça-se” de Maria. E disto tem a Virgem plena consciência. Sabe o que Deus lhe propõe; consente no que Deus lhe pede, sem restrição, nem condição; o seu “fiat” responde à amplidão das proposições divinas, estende-se a toda a obra redentora.
O “sim” de Maria foi tão fundamental que mudou a face da terra. Pois, àquele diálogo de Maria com o Anjo, certificada da sua virgindade, Ela ousa responder: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim, segundo a vossa palavra!”
Trata-se de uma resposta admirável de bondade, mas também de humildade e de prudência. Aqui, Maria manifesta mais ainda do que a sua incomparável humildade e obediência, a grandeza da sua fé, fazendo-a entregar-se inteiramente à ação divina, sem questionar nem pretender penetrar o profundo mistério, ou pensar sequer nas consequências a que se arriscava. E você? Como tem respondido ao Senhor? Em que se tem baseado a sua resposta?
Por um “faça-se” apenas, o Verbo divino se encarnou no seu seio puríssimo e virginal! É portanto, pelo seu “sim” que Deus se fez homem. E, deste modo, formou-se no seio puríssimo da Virgem Maria, por força do Espírito Santo, o Corpo de Cristo, unindo-se ao corpo a sua alma humana criada do nada e, consequentemente, a Divindade unindo-se ao Corpo e à alma de Deus humanado – Jesus Cristo – passa a receber de Maria sangue do seu sangue, carne da sua carne! Assim, a partir daí, Aquele que é Deus verdadeiro, tornou-se também verdadeiro Homem, num mistério chamado hipostático, e a bem-aventurada Virgem Maria, tornou-se na realidade a Mãe verdadeira de Deus!
Meu irmão, minha irmã, veja que se observarmos na história do mundo e na história dos homens encontraremos dois “faça-se” ou “sim”. O primeiro, no ato da criação, o próprio Deus pronunciando: “faça-se” – e todas as coisas aparecerem do nada! E no final a Bíblia afirmar que Deus viu que todas as coisas eram boas!
O segundo “faça-se”, é o de Maria: uma resposta obediente, belíssima! Com o primeiro, Deus tirou do nada o Universo com a sua perfeição e ordem: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento a obra das suas mãos” (Sl 18,1).
Com o segundo – o de Maria – “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo1,14), num mistério de duas naturezas em uma e mesma pessoa!
Quero lembrar de que o seu “sim” ou “faça-se”, pode transformar vidas, libertar as pessoas dos vícios, das drogas, da prostituição, do álcool, do adultério, da ganância, dos roubos; pode curar os doentes e ressuscitar os mortos. Pode introduzir os seus na nova terra e novo céu.
Assim como nossa Mãe, Maria, nós somos chamados para levar a Boa Nova à todas as pessoas do mundo, para irradiar neles o amor que Jesus nos proporciona junto com nossa Mãe. Neste mistério aprendamos com Ela, o espírito de serviço para com o próximo. O exemplo dela e reconhecendo a humildade de Maria no Magnificat, prometamos que seremos humildes e caridosos para com o nosso próximo. Ainda mais quando demos nosso “faça-se”, nosso “sim”, ao chamado especial de Cristo (João Paulo II).
Nesta Solenidade, aprendamos com Maria a virtude da humildade, e que Ela nos ajude a sermos simples, humildes e generosos de coração como Ela o foi, para transmitir sempre com alegria a palavra de Deus. Maria nos ensina também a nos colocarmos sempre a serviço do Senhor.
Peçamos ao Senhor que nos ajude a sermos caridosos e solidários para com o próximo, principalmente com os mais necessitados, que reconhecendo a sua presença no meio de nós saibamos dizer sempre “sim”, como o fez Maria, à Sua vontade.

Padre Bantu Mendonça
Fonte: Blog do Padre Bantu

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